segunda-feira, 14 de abril de 2008

Por quê as células envelhecem?

O que determina a longevidade de um organismo? Certamente fatores genéticos e ambientais. É preciso reconhecer que um organismo envelhece porque suas células envelhecem, isto é, cessam os processos de divisão e elas começam a morrer. Estes eventos são específicos para cada tipo celular. Os neurônios, por exemplo, são células que não se dividem após a vida embrionária porém não morrem com freqüência. Por outro lado, células epiteliais ( da pele ) se dividem com freqüência mas têm uma vida média de algumas semanas. Os estímulos que levam uma célula a morrer nessas condições ainda são pouco conhecidos porém sabe-se, desde a década de 70, que os telômeros estão envolvidos com o número de divisões que uma célula é capaz de realizar.
Telômeros correspondem às extremidades do cromossomo. Eles são constituídos por seqüências repetidas in tandem que conferem ao cromossomo uma certa estabilidade. Cromossomos que perderam os seus telômeros têm uma tendência a se ligarem a outros cromossomos ou então a degenerarem. A cada divisão celular, entretanto, partes dos telômeros vão sendo perdidas e ao longo do tempo, os telômeros vão encolhendo. Existe um limite a partir do qual a célula deixa de se dividir, provavelmente para preservar o resto de telômero que ainda existe nos seus cromossomos. Observou-se que algumas linhagens celulares imortais, isto é, que nunca param de se dividir, como as células do testículo humano e células cancerosas, possuem uma enzima, chamada telomerase, que repõe os fragmentos teloméricos perdidos durante a replicação. Observou-se que o telômero de células cancerosas não é maior que o de células normais, apenas ele é estável, ou seja, não diminui durante os ciclos de replicação, ou melhor, diminui mas é reconstituído pela telomerase. O gene para telomerase está presente em todas as células humanas mas na maioria delas ele não é expresso.
O tamanho da região telomérica é controlado pela atividade da telomerase e indica quantos ciclos de replicação uma célula ainda tem. A atividade da telomerase varia durante as fases de desenvolvimento do indivíduo, sendo expressa por mais tempo em alguns tecidos do que em outros e, em determinados casos, por toda a vida. O tamanho dos telômeros e a atividade telomerásica ainda podem estar relacionados aos eventos de morte celular programada (apoptose), no qual linhagens celulares morrem em certas fases do desenvolvimento para dar origem a novas células.
Assim, pode-se imaginar que em um zigoto o tamanho dos telômeros é máximo e a atividade da telomerase é capaz de mantê-los assim até um certo estágio do desenvolvimento. À medida que iniciam os processos de diferenciação celular, há uma modulação da atividade telomerásica, de modo que após o nascimento apenas alguns tecidos continuam a expressá-la. Da mesma forma, o tamanho dos telômeros também varia entre cada tecido, originando um número potencial de divisões que cada um deles terá ao longo da vida.

Escrito por Paulo Bernardes.

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