quarta-feira, 16 de abril de 2008

"Icamente" correto

Vivemos dias que me parecem surreais. São os dias do ecologicamente, politicamente, economicamente, socialmente e não sei mais quantos "icamentes" corretos. Se alguém comete um crime bárbaro, algumas vozes se levantam prontamente a justificá-lo como decorrente de injustiças sociais e logo começamos a pensar na parcela de culpa que nos cabe. Uma inversão acontece: as vítimas passam a ser culpadas! - Ah, não fomos socialmente corretos e aquele assassino é um produto de nosso egoísmo, da nossa economia perversa. Logo surgem "intelectuais" a explicar que o menino sem oportunidades será o assassino de amanhã etc e tal. Convenhamos, se sequestros, latrocínios, estupros, tráfico de drogas e outros crimes bárbaros fossem produto de desigualdades sociais viveríamos bem no meio do inferno; mais da metade da população brasileira vive sob condições econômicas precárias. Será que todo mundo das favelas e subúrbios são criminosos? Não meus caros; a esmagadora maioria FAZ A ESCOLHA HONESTA.
O crime é uma questão de escolha, salvo obviamente, as raríssimas exceções.
A coisa se torna mais grave ainda quando ouvimos grandes autoridades do país legitimar atitudes criminosas. Esta palavra, legítimo, está começando a fazer parte do nosso vocabulário, assim como os "icamente" corretos. Como se tudo que é legítimo fosse também legal. Cito aqui algumas palavras de São Paulo: “Nem tudo o que me é permitido me convém. Nem tudo o que concorre para o meu bem-estar momentâneo ou para alcançar meus objetivos me é lícito.” Portanto, nem tudo que é legítimo é legal nos termos da lei.
Ser "icamente" correto é respeitar as leis e se você achar que algumas delas sejam injustas, procure os meios e o canais legais para protestar e quem sabe for o caso, até contribuir para que a mudança de algumas delas, possam melhorar as condições de vida dos cidadãos.
Concluo citando Rui Barbosa:
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto"

Escrito por Paulo Bernardes.

Um comentário:

Unknown disse...

Belas palavras Paulo, realmente vivemos em um tempo em que alguns intelectuais vem para nos oprimir e nos colocar na condição de "culpados" por pessoas que tem seus caminhos mal trilhados.
Cada um sabe de si, e dentro dos nossos Direitos e dos nossos Deveres, devemos saber respeitar e agir até onde começa o Direito do próximo.
Não somos culpados da condição socio-ecônomica em que se encontra muitas pessoas no nosso país, tão pouco pelos crimes que algumas pessoas cometem.
Existem pessoas com boa e má indole, e a prova disso é que vemos até ricos roubando, isso nada mais é do que questão de escolha.